Memórias

Pouco só


Neste quarto há outro corpo a mais que eu, mesmo que ele esteja só dormindo. Existe! E se eu virar um pouco a cabeça e procurar bem, o acho. Mesmo neste fato ainda me encontro sozinha, sozinha e completa, também me sinto cheia de vida. Onde estou é exatamente onde deito para sonhar. Docemente, calmamente, cama. E há espaço ao lado direito dela. Santa coragem a minha por situar-me no seu lado esquerdo, já que o direito é a parte que me guia, e agora está lá, meio oculto, esperançoso, a fim de guardar alguém consigo. Olhar para este lado até faz imaginar alguém nele, mas são apenas devaneios, grandes mentiras. A cama nem esta desforrada, nela agora há espaço até para amigos. Apesar do ambiente escuro, situando apenas a luz da tela, possui luz coração que é nada menos que a grande esperança, ou para desvendar o porquê deste desencanto, ou para lembrar-me de que o lado direito em pouco tempo será todo completo. Interessante até, pois minha mente vendo-me nesta situação logo se ajeita para preparar algo melhor. É uma questão de segundos para que eu desforre a cama, complete-a com todo o meu corpo, feche os olhos, e sonhe. Sonhar. Sonhando que já não estou mais assim tão só.



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