Memórias

Primeiro amor


Nós éramos vagabundos, eu matava aula pra te ver e você matava aula pra me encontrar. Éramos sem juízo, passava a noite em claro, se não ao teu lado, era para em ti pensar. Era eu só. E você... Não sei. Eu dava mais razões que você. E você dava mais desculpas que eu. Éramos por si próprios, e fazíamos coisas sem ligar pros outros. Eu sabia quase tudo, e você sabia menos que todos. Eu nunca repeti o ano, você repetiu cerca de três. Eu não era da rua, a rua era de você. Nunca tinha usado drogas, de todas você sabia o nome, nunca tinha andado só por ai, você andava só ou em bandos. Andei sempre na linha, você me empurrou para estradas. Nunca vi um proposito pra vida, você me mostrou de fachada. Contigo eu vi que poderia aprender que também dava pra ser feliz, e que a idade não importava, já que você tinha vinte, e eu vinte de mesada. A sociedade só falava, só matava, perturbava. E eu que não obedecesse, você não obedecia nada. Aprendi sim, mais que cálculos, mais que contas, que Einstein, e diagramas... Que se não fosse pra viver hoje, que perdesse a esperança. Éramos vagabundos, agora só restei eu, porque você se foi, meu bem, pra um destino, ou pro além, partiu me chamando de neném. Porem, eu não perco a esperança de te encontrar em um lugar bom, presentear você com uma flor, te abraçar e te lembrar de que você foi o meu primeiro amor. 

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